Autor: William Rollo
Título original: The Big Wheel
1ª Edição: 1984
Publicado na Colecção Argonauta em Março de 2004
Capa: Rogério Silva
Tradução: Elsa T. S. Vieira
(Curiosamente, a edição refere na página nº3 que a tradução é de Alexandra Rolão Tavares, e na página nº5 informa que a tradução é de Elsa T. S. Vieira. Foi confirmado pelo Jorge Candeias e pela Elsa Vieira que a tradução é mesmo da Elsa T. S. Vieira)
(Curiosamente, a edição refere na página nº3 que a tradução é de Alexandra Rolão Tavares, e na página nº5 informa que a tradução é de Elsa T. S. Vieira. Foi confirmado pelo Jorge Candeias e pela Elsa Vieira que a tradução é mesmo da Elsa T. S. Vieira)
Revisão: Dália Moniz
Súmula -
foi apresentada no livro nº552 da Colecção, com a indicação de "Ler nas
páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":
- Dispa-se.
- Isto não é um exame "completo?"
- Não, senhor, eu... - a Tenente Honeywell olhou de esguelha para Morgan por baixo das longas pestanas negras. A linha exasperada da sua boca deixo vislumbrar uma covinha nas faces lisas.
- Não, Mr. Morgan - hesitou ao utilizar a designação civil, que lhe era pouco familiar, - eu apenas verifico o crescimento da medula, a contagem de glóbulos sanguíneos, o ritmo cardíaco, a tensão vascular, a eficácia pulmonar e mais meia dúzia de variáveis. De acordo com as minhas instruções, eles excluem agorafóbicos, claustrofóbicos, pessoas com enjoo de gravidade variável e pessoas com enjoo de gravidade zero. mas um homem que faz trocadilhos! Pode devastar a moral de uma estação espacial em menos de uma semana. Esse é o primeiro a sair.
- Estou consternado - disse Morgan, vencido pela natureza aberta da rapariga. Não traiu qualquer vestígio de ironia.
- Pela comporta exterior. Nu.
- Não fazia ideia de que fosse tão sério.
O sorriso dela, que regressara, vacilou. Morgan ficou satisfeito por ver que ela parecia um pouco perturbada.
- Oiça, não estava a falar a sério, senhor. Aqui em cima, acabamos por desenvolver os nossos próprios hábitos de conversação. Depois de alguns meses, a Terra parece outro mundo.
"Como era verdade."
- Compreendo. Acontece em qualquer comunidade, não apenas no espaço.
- Bom, não se preocupe. Não precisa de despir as calças.
- Óptimo. Indique o caminho para a comporta exterior.
- Para as calibrações, quero eu dizer. Perdoo-lhe o passeio no espaço... desta vez.
- Ah!
- Já alguma vez esteve em condições de gravidade zero?
- Apenas em acrobacias aéreas. E meia hora antes de atracar, há pouco.
- Hum.
Durante os trinta e cinco minutos seguintes, a Tenente Honeywell correu programas de análise no computador, enquanto Morgan se esfalfava numa bicicleta qeu não ia para lado nenhum e puxava manípulos que não se mexiam. Ao fim desse período a sua alma biomédica pulsava e flutuava no computador da estação espacial, juntamente com a telemetria monitorizada da totalidade da tripulação da Grande Roda. Depois, codificou os parâmetros sensoriais mais subtis, que o transdutor implantado não conseguia medir. Morgan sentiu o habitual momento de ansiedade quando ela percorreu rapidamente com o dedo o padrão de cicatrizes que começava debaixo da sua clavícula e lhe atravessava a parte superior do braço. Quase o traíra em mais do que uma ocasião.
- O seu ficheiro diz que isto foi um acidente de caça?
- Receio que sim.
- Agora caça-se com armas automáticas em Inglaterra?
- O espírito desportivo ainda não morreu por completo. Foi uma espingarda de caça bastante afinada, em mãos inexperientes. O tipo estava a saltar uma cerca e disparou sem querer. E continuou a disparar. Estado de choque, compreende.
- Compreendo. Bom, no que me diz respeito, senhor, está apto a cem por cento. A Força Aérea Britânica deve ter um programa de treino excelente.
- A Real Força Aérea. Encorajam-nos a praticar muito desporto, e esse tipo de coisas.
- Bom, suponho que será essa a justificação.
Desta vez, Morgan reparou no tom de desafio na voz dela. Reparou também que ela parecia ter mudado. Há cinquenta minutos, abalara as suas cautelas com uma torrente inócua de tagarelice: agora as palavras dela era calibradas. Classificou-a na categoria "Ameaças", com um ponto de interrogação para posterior avaliação.
- Dispa-se.
- Isto não é um exame "completo?"
- Não, senhor, eu... - a Tenente Honeywell olhou de esguelha para Morgan por baixo das longas pestanas negras. A linha exasperada da sua boca deixo vislumbrar uma covinha nas faces lisas.
- Não, Mr. Morgan - hesitou ao utilizar a designação civil, que lhe era pouco familiar, - eu apenas verifico o crescimento da medula, a contagem de glóbulos sanguíneos, o ritmo cardíaco, a tensão vascular, a eficácia pulmonar e mais meia dúzia de variáveis. De acordo com as minhas instruções, eles excluem agorafóbicos, claustrofóbicos, pessoas com enjoo de gravidade variável e pessoas com enjoo de gravidade zero. mas um homem que faz trocadilhos! Pode devastar a moral de uma estação espacial em menos de uma semana. Esse é o primeiro a sair.
- Estou consternado - disse Morgan, vencido pela natureza aberta da rapariga. Não traiu qualquer vestígio de ironia.
- Pela comporta exterior. Nu.
- Não fazia ideia de que fosse tão sério.
O sorriso dela, que regressara, vacilou. Morgan ficou satisfeito por ver que ela parecia um pouco perturbada.
- Oiça, não estava a falar a sério, senhor. Aqui em cima, acabamos por desenvolver os nossos próprios hábitos de conversação. Depois de alguns meses, a Terra parece outro mundo.
"Como era verdade."
- Compreendo. Acontece em qualquer comunidade, não apenas no espaço.
- Bom, não se preocupe. Não precisa de despir as calças.
- Óptimo. Indique o caminho para a comporta exterior.
- Para as calibrações, quero eu dizer. Perdoo-lhe o passeio no espaço... desta vez.
- Ah!
- Já alguma vez esteve em condições de gravidade zero?
- Apenas em acrobacias aéreas. E meia hora antes de atracar, há pouco.
- Hum.
Durante os trinta e cinco minutos seguintes, a Tenente Honeywell correu programas de análise no computador, enquanto Morgan se esfalfava numa bicicleta qeu não ia para lado nenhum e puxava manípulos que não se mexiam. Ao fim desse período a sua alma biomédica pulsava e flutuava no computador da estação espacial, juntamente com a telemetria monitorizada da totalidade da tripulação da Grande Roda. Depois, codificou os parâmetros sensoriais mais subtis, que o transdutor implantado não conseguia medir. Morgan sentiu o habitual momento de ansiedade quando ela percorreu rapidamente com o dedo o padrão de cicatrizes que começava debaixo da sua clavícula e lhe atravessava a parte superior do braço. Quase o traíra em mais do que uma ocasião.
- O seu ficheiro diz que isto foi um acidente de caça?
- Receio que sim.
- Agora caça-se com armas automáticas em Inglaterra?
- O espírito desportivo ainda não morreu por completo. Foi uma espingarda de caça bastante afinada, em mãos inexperientes. O tipo estava a saltar uma cerca e disparou sem querer. E continuou a disparar. Estado de choque, compreende.
- Compreendo. Bom, no que me diz respeito, senhor, está apto a cem por cento. A Força Aérea Britânica deve ter um programa de treino excelente.
- A Real Força Aérea. Encorajam-nos a praticar muito desporto, e esse tipo de coisas.
- Bom, suponho que será essa a justificação.
Desta vez, Morgan reparou no tom de desafio na voz dela. Reparou também que ela parecia ter mudado. Há cinquenta minutos, abalara as suas cautelas com uma torrente inócua de tagarelice: agora as palavras dela era calibradas. Classificou-a na categoria "Ameaças", com um ponto de interrogação para posterior avaliação.
(A Nota do Editor repete-se, igual à do número anterior)
Nota do Editor
Há muito que a Livros do Brasil tem sentido vontade de refrescar um pouco o aspecto gráfico das obras publicadas nas colecções Argonauta e Vampiro. Pensamos, com efeito, que os leitores fiéis destas duas colecções merecem:
- poder ter acesso a volumes produzidos em papel de melhor qualidade;
- com recurso a tipos e corpos de letra que facilitem e tornem mais agradável a leitura;
- E até a formatos dos livros que evitem a frequente divisão de uma mesma obra em vários volumes, com as consequências negativas que isso sempre acarreta para a fluência da leitura.
Tentando conciliar todos estes objectivos, a Livros do Brasil orgulha-se pois de anunciar que, a partir do próximo mês de Março, estas duas colecções mudarão ligeiramente de formato e de aspecto gráfico, passando além disso a comportar a existência de volumes simples e duplos, consoante a dimensão de cada uma das obras nelas contidas.
***
Nota pessoal
Tristemente, acabam a partir desta edição as súmulas relativas às apresentações das obras seguintes, pelo que os leitores deixam de saber qual é o autor e o título do próximo livro. Sinais dos tempos. O final da colecção sucederia apenas nove números depois.
Maravilhoso, reencontrar aqui esses livros. Obrigada!
ResponderEliminarOlá Carmen,
EliminarEu é que agradeço a atenção que teve em colocar a sua mensagem, é sempre muito gratificante saber que alguém aprecia o nosso trabalho. :)
Neste momento, faltam-me cerca de 20 súmulas para completar as obras, está mesmo no final (3 anos de trabalho!). Depois tenciono trabalhar a página das mini-biografias dos autores.
Grato e até sempre,
João Vagos
Viva, João.
ResponderEliminarPerguntei à Elsa quem traduziu este livro e ela disse-me que foi ela. Já nem se lembrava, mas deu com o documento word no computador, o que dissipa as dúvidas.
Abraço
Olá Jorge,
ResponderEliminarMuito obrigado pela informação, e o meu obrigado também à Elsa Vieira.
Abraço.
Um autor quase desconhecido, este. A sua entrada na SF Encyclopedia nem sequer menciona o seu livro anterior a este, "The Olympus Gambit" (publicado na Argonauta sob o imaginativo título "A Conquista de Marte" - volumes 321 e 322)
ResponderEliminar