nº 266 - Acidente Nuclear



Autor: Lester del Rey
Título original: Nerves
1ª Edição: 1956
Publicado na Colecção Argonauta em 1979
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº265 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

No dia 28 de Março de 1979, na central nuclear de Three Mile Island, perto de Harrysburg, deu-se uma fuga de vapor radioactivo. A notícia pareceu a princípio sem grande importância - as fugas de vapor nas centrais nucleares estavam a tornar-se frequentes - ainda que demasiado frequentes. mas a pouco e pouco, soube-se que se estava perante o mais grave acidente da história da curta história da energia atómica. Só um milagre evitou uma terrível catástrofe; a temperatura do núcleo do reactor subiu de tal modo que a maior parte das barras de combustível nuclear se fundiram, não tanto que se verificasse o temido meltdown, a fusão total que, segundo se crê, se comunicaria ao próprio solo, mas o bastante para que a água do reactor se dissociasse, produzindo uma mistura de hidrogénio e oxigénio que - soube-se depois - chegou a explodir em parte. Se toda essa mistura tivesse explodido, ou se se desse o meltdown, cerca de 45 000 pessoas teriam sofrido de imediato os efeitos da radiação, cerca de 3300 morreriam imediatamente; a médio e longo prazo resultariam do acidente 45 000 cancros fatais, 240 000 tumores da tiróide e 30 000 casos de anomalias genéticas. (Números citados pelo relatório WASH-1400, elaborado em 1975 para a Comissão Reguladora Nuclear dos E.U.A. - o célebre "relatório Rasmussen", que em Janeiro de 1979 foi denunciado como "demasiado optimista" por aquela mesma Comissão).
Disse-se depois que o acidente de Three Mile Island fora devido a erros humanos, mas o inquérito concluíu que não houvera erros alguns; os instrumentos da central eram deficientes (como os de 71 das 72 centrais norte-americanas) e tinham fornecido informações falsas.
Disse-se também que a quantidade de radiação libertada fora quase nula, que a importância do acidente fora fortemente exagerada pois ele não causara vítimas, e qeu o reactor voltaria a trabalhar dentro de poucos meses, ou mesmo semanas. Na verdade, a radioactividade libertada foi de tal ordem, que não se pensa ser possível penetrar no interior do reactor antes de passado um ano. E se é certo que o acidente não causou imediatamente qualquer vítima, certo é também que não se sabe quantas ele irá produzir através do cancro e da leucemia. Nem que efeitos genéticos poderá vir a ter.
Tudo quanto se sabe, é que mil e uma pressões foram feitas - e continuam a ser feitas - para ocultar o que aconteceu em Three Mile Island. Daí que um filme - The China Syndrome - que se estreara pouco tempo antes, tivesse sido excepcional repercussão, pois, por coincidência, focava exactamente o problema da tentativa de supressão da verdade, no caso de um acidente nuclear. Todavia - e como tantas outras vezes acontece - poucas foram as pessoas que recordaram que, muito antes - em 1956 - já um autor de ficção científica bem conhecido - Lester del Rey - publicara uma obra, com o título tão simples como apropriado de Nerves, em que descrevia um acidente nuclear e denunciava os esforços que por certo iriam se feitos para o ocultar, mesmo sabendo-se que assim se aumentaria incomensuravelmente o número de vítimas.
É certo que a obra de Lester del Rey se refere a um tipo de actividade diferente do que é hoje mais comum.O acidente que nela se descreve não ocorre no reactor de uma central eléctrica, mas sim num reactor semelhante aos hoje usados para fins de investigação laboratorial, nomeadamente para a produção de radio-isótopos. Mas a situação é, no fundo, a mesma - incluíndo o próprio meltdown. A uma distância de perto de um quarto de século, Lester del Rey soube denunciar, com uma precisão incrível, os perigos da energia nuclear. O que prova que a ficção-científica, longe de ser um género de literatura de evasão, é uma vida de meditação.
Nerves receberá na sua tradução portuguesa, integral e anotada, o título de ACIDENTE NUCLEAR.

Introdução:

A introdução que consta do livro, é precisamente o mesmo texto da súmula.

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