nº 134 - O Médico das Estrelas



Autor: Murray Leinster
Título original: The Mutant Weapon
1ª Edição: 1959
Publicado na Colecção Argonauta em 1968
Capa: Lima de Freitas
Tradução: Eurico da Fonseca

Súmula - foi apresentada no livro nº133 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta": 

Quando um dia, num futuro que ainda vem muito longe, a civilização humana se estender a outros mundos para além do sistema solar, o isolamento desses mesmos mundos conduzirá a inúmeros problemas, a começar pelo do seu próprio governo. Como se poderá, por exemplo, criar uma federação de planetas quando uma decisão governamental pode demorar meses ou anos a ser transmitida?
Do mesmo modo, será muito difícil manter todos os mundos a par das mais recentes descobertas da Ciência e da Técnica, pelo menos de uma maneira imediata. Uma das principais consequências será a falta de informações sobre os progressos da medicina - informações essas tanto mais necessárias quanto é certo que nos novos mundos poderão surgir situações absolutamente inesperadas: alergias, epidemias, reacções psicológicas colectivas sem procedentes.
A solução estaria talvez na criação de um Serviço Médico Interstelar, que, actuando acima dos próprios governos planetários e utilizando naves-laboratórios, socorreria todos os mundos em que ocorressem casos que não pudessem ser resolvidos com os recursos locais.
Esse o tema da série de novelas que Murray Leinster escreveru sobre o "Med.Serviço" e as suas "Med.Naves". Novelas profundamente curiosas e humanas, a primeira das quais constitui o volume seguinte da Colecção Argonauta - "O Médico das Estrelas".
O leitor tomará, assim, conhecimento com uma das personagens mais interessantes da Ficção-Científica: o Doutor Calhoun - o homem da Med.Nave -, admirável misto de cientista, investigador policial e homem de acção, sempre pronto a resolver os mais difíceis problemas da medicina e da biologia, com o auxílio do seu companheiro inseparável, o simpático tormal Murgatroyd - um pequeno animal domesticado, eterno imitador do Homem, e elemento imprescindível das futuras equipas médicas interstelares.

Introdução:

O mais antigo autor de ficção-científica, ainda em actividade, chama-se Will F. Jenkins. Esse nome é principalmente conhecido entre os especialistas de óptica e, em particular, entre os técnicos de televisão. Trata-se do inventor da chamada "unidade de projecção frontal" - um dispositivo que permite suprimir os cenários, substituíndo-os por projecções de películas, mas diferenciando-se do sistema clássico de projecção num pano transparente, de fundo, por permitir quase que de uma maneira mágica, que as personagens entrem e saiam por portas que não existem e movam objectos dos quais apenas se vê a imagem.
Quando Will F. Jenkins começou a escrever novelas de "sciencefiction", um género que, vai para quarenta anos, não era tão admirado e respeitado como hoje,  julgou conveniente inventar um pseudónimo: Murray Leinster. E o mais curioso é que ele viria a tornar-se, afinal, mais famoso que o do técnico e inventor.
Cada obra de Murray Leinster é diferente da anterior e é diferente de tudo quanto se conhece no capítulo da ficção-científica. A moderna corrente sociológica daquilo a que António Quadros chama "o movimento da Ficção-Científica - porque de um movimento se trata", surge já em 1933, numa forma que nada perdeu em actualidade, na novela Politics, de Murray Leinster. Nela se contém uma afirmação que depois seria citada vezes sem conta, até pelos que ignoram a sua origem: "a maior tragédia, para um político norte-americano, é a de não ser reeleito".
Murray Leinster foi também um dos primeiros, se não o primeiro autor de ficção--científica a imaginar o "ultravoo" - a overdrive que permitiria circundar as leis de Einstein e ultrapassar a velocidade da luz, encurtanto para umas semanas, dias ou mesmo horas a duração das viagens interstelares. Foi também um dos primeiros autores a sugerir a possibilidade da utilização dos transmissores de matéria. A sua obra A Nave Sideral (Colecção Argonauta, nº4), baseia-se na aplicação dessas duas concepções originais.
Mas a imaginação de Murray Leinster não conhece limites, ainda que seja sempre dominada por uma lógica magnífica e impressionante. Umas vezes é a biologia que lhe serve de tema - e de uma maneira magistral, como aconteceu em O Planeta Esquecido (nº118). Noutros casos, é a possibilidade das viagens no Tempo, mas dominando os paradoxos filosóficos com uma engenhosidade perturbante e inatacável, como em O Túnel do Tempo (nº118). Noutros, ainda, são os problemas que poderão surgir numa futura economia interstelar e ultratécnica - sem desprezo de uma fina ironia, como em O Planeta da Utopia (nº113).
Na presente obra - apenas a primeira de várias que Murray Leinster dedicou aos problemas da medicina, da biologia e da fiscalização sanitária, quando um dia, num futuro longínquo, a espécie humana se possa espalhar pelos muitos cantos da Galáxia - o seu cuidado, o seu sentido humano e a profundidade dos conceitos surgem de novo, ainda que quase ocultos pela simplicidade do estilo - simplicidade que afinal revela a sua imensa arte.

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