nº 27 - O Planeta 54


Autor: Albert e Jean Crémieux
Título original: Chute Libre
1ª Edição: 1954
 Publicado na Colecção Argonauta em 1956
Capa: Cândido Costa Pinto
Tradução: Mário Henrique Leiria

Súmula - foi apresentada no livro nº26 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Um meteoro cai subitamente no jardim de Frederic Boisson, pacato cidadão francês vivendo sossegadamente numa pequena vila de do Puy-de-Dôme, mas que, durante os agitados tempos da guerra, fora o célebre BG 48, decifrador de códigos secretos.
De investigação em investigação e com o auxílio do seu excitado amigo Pierre N... e da pequena Martine, sua sobrinha, Frederic Boisson averigua que o estranho aerólito é afinal... uma nave interplanetária. E é quando uma "pequena máquina de falar" salta súbitamente de dentro da nave, que os três ouvem a inacreditável história:
"Do alto da sua poderosa civilização matemática, os homens de 54 observam a vida nos outros mundos. A Terra, a pequena e mesquinha Terra, desperta-lhes uma curiosidade relativa e analítica. Para uma melhor observação, resolver recolher algumas amostras, a fim de lhes estudar as reacções e uma possível adaptação ao seu planeta. ".
É essa tarefa entregue a Teddy Karre, Descobridor Efectivo da "Guarda", ao serviço da "Navegação Universal", e são-lhe destinadas cinco "amostras", que ele estuda atentamente com o telescópio auditivo, com o luminógrafo, com o pensascópio, com o grafiso, com o multicardiograma, com o micro-alma, com o micro-tubo e com o colorógrafo. São elas o sr. Vaillon, poeta, o dr. Mugnier, médico, o dr. Barroyer, advogado, o sr. Moroto, comerciante, e o general Berthon. A estas personagens, junta-se mais tarde, e por circunstâncias imprevistas, um sexto: o sr. Malborough, o gato.
E os acontecimentos precipitam-se: Teddy Karre vem a  Koesn in Art (classificação de Paris no "Compêndio Universal" do planeta 54) e recolhe os seus convidados: as bagagens tornam-se um problema. O general pretende levar o cavalo, necessário, segundo ele "para passar revista às guarnições"; o dr. Barroyer transporta quarenta enormes livros que, afirma, são imprescindíveis em qualquer parte, pois uns dizem que "sim", outros dizem que "não" e outros não dizem "sim" nem "não"; o dr. Mugnier contenta-se com um estetoscópio, um bloco de receitas, um caderno de notas e quinze frascos do "Célebre Depurativo do doutor Mugnier"; o sr. Moroto, comerciante atarefado, transporta vários livros de cheques e tês malas de "amostras" dos Armazéns Moroto; mais modesto que todos os outros, o sr. Vaillon, o poeta, leva duas camisas, um cachecol, três livros, uma enorme gravata e o seu gato Malbourough.
A viagem fez-se sem acidentes, excepto a desintegração total do sr. Moroto, rápidamente integrado pelo dr. Mugnier e o namoro constante que o general e o poeta fazem a Suc May, a maravilhosa "Hospedeira de Bordo". 
Chegados à Guarda, capital de 54, começam as verdadeiras atribulações. Como resolverá o Sr. Moroto os seus problemas de comerciante num mundo onde o dinheiro, a compra e a venda não existem? Que fazer, por exemplo, "da sola de cortiça Moroto, a mais rápida, a mais leve, a única que flutua?" ou do "protector para solas Moroto, em aço blindado, o mais garantido porque o mais duro, e o mais duro porque o mais puro?".
As situações difíceis, complicadas, incompreensíveis repetem-se. As visitas à Fábrica de Música, ao Compêndio Geral, ao Conservatório da Moeda, etc, são tantas outras surpresas. E as descobertas inesperadas dos terrestres deixam por vezes confundidos os habitantes da Guarda; assim, depois de profundas pesquisas na Fábrica de Perfumes, o general consegue obter, por meio das mais complicadas misturas, um excelente "bagaço" que o sr. Moroto se propõe imediatamente registar sob o nome de "Ormotorina - Delícias".
Todas as estranhas aventuras possíveis e impossíveis se passam na Guarda com os cinco terrestres - seis, se nos quiseremos lembrar do sr. Malborough que, no dizer do seu dono, é personagem importante na caça ao rato, ao pássaro e até á perna de carneiro assado.
O planeta 54 é talvez o primeiro livro de ficção-científica onde o senso de humor, a finura do espírito latino nos aparecem. Sem deixar de ser um verdadeiro livro - e um dos melhores - do género, leva-nos no entanto um pouco mais além e abre-nos uma nova porta da ficção-científica. Quando do seu aparecimento em França, fez furor e originou sérias controversas nos meios especializados. E o seu próprio e inesperado fim, duro e violento, deixa-nos a sensação que, deste género novo da literatura muito há ainda a esperar. Desde o início até ao mergulho final em queda livre, as mais desencontradas reacções de humor, poesia, imaginação e realidade - nada mais real que os próprios personagens do livro - entram constantemente em choque... e harmonizam-se para realizar uma obra-prima da ficção-científica.

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