nº 221 - Eclipse Total



Autor: John Brunner
Título original: Total Eclipse
1ª Edição: 1974
Publicado na Colecção Argonauta em 1975
Capa: Lima de Freitas
Tradução: Eurico da Fonseca 


Súmula - Foi apresentada no livro nº220 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

No ano de 2020, uma expedição internacional, em Sigma Draconis, dezanove anos-luz da Terra, descobre os vestígios de uma sociedade muito avançada, construtora de uma obra espectacular - o maior telescópio imaginável, cavado e polido numa cratera lunar natural.
Expedições sucessivas concluem que essa cultura misteriosa se desenvolveu e desapareceu misteriosamente depois de ter durado apenas três mil anos. Então, em 2028, outra missão chega ao planeta, com um único objectivo - descobrir a razão pela qual aquela civilização, tão adiantada, desapareceu subitamente. E essa missão tem uma esperança: a de que a descoberta do enigma permita evitar que a mesma coisa venha a acontecer na Terra. 
Eis o tema de Eclipse Total, de John Brunner, o volume seguinte da Colecção Argonauta - uma obra comparável a 2001 - Odisseia no Espaço. Que aconteceu em Sigma Draconis: um vírus fatal, uma guerra, uma religião brutal ou uma mutação que destruíu uma civilização inteira? Em que medida isso se pode reflectir no futuro do Homem? 

Introdução:

De John Brunner, apenas se poderá dizer que é um autor de excepção, um dos mais versáteis e incisivos autores de ficção-científica. E da ficção-científica, apenas se poderá dizer que, contra o que geralmente se crê, não é um género literário alienante. Pelo contrário, foi sempre um veículo de crítica. E da crítica mais mordente. Desde os filósofos gregos a Kepler, desde Cirano a Tsiolkovsky, desde H.G. Wells a Campbell e desde Heinlein a Brunner e a tantos outros autores modernos, a ficção-científica tem sido sempre veículo de utopias como de análises das mais profundas, de todos os aspectos da vida humana. No futuro, dir-se-á. Mas que é o futuro senão a projecção do presente - a exposição das tendências do mundo em que hoje vivemos. A exposição crua de tudo quanto, tanto quando seja possível prever, será bom - ou será mau?
Eclipse Total é um exemplo da tremenda importância da ficção-científica como instrumento de análise. Para se fazer uma ideia - apenas uma pequena ideia - dos pontos de vista expostos na obra de Brunner, bastará apenas citar um pequeno trecho: 

Houvera a possibilidade - apenas uma possibilidade remota - de um país construir e utilizar uma pequena nave interestelar; talvez com quatro tripulantes e um equipamento mínimo. Isso também teria estado dentro das posses de uma confederação, como a Comunidade Económica Europeia, ou do principal elemento de uma aliança económica mais ou menos livre - como o Japão.
Mas teria sido muito e muito pouco popular fazer isso. Os cidadãos das nações menos favorecidas - faladoras e até vociferantes - de há muito afirmavam que o caminho para uma pirâmide de feitos gloriosos era construído ao acaso, sobre uma base de cascalho humano. O olhar de águia de um satélite de mil milhões de dólares podia fitar o corpo do trabalhador que extraíra o minério para ele, com um salário de fome - e morrera. 

Nota: um dos livros que mais gosto me deu ler na Colecção Argonauta e que reli várias vezes. Uma grande surpresa e uma obra fantástica.

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