nº 299 - O Planeta dos Dragões 3


Autor: Anne McCaffrey
Título original: Dragonquest 
1ª Edição: 1968
Publicado na Colecção Argonauta em 1982
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº298 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

A célebre obra de Anne McCaffrey The Dragonriders of Pern, é constituída no original por dois livros: Dragonflight e Dragonquest. Na versão portuguesa, em que recebeu o título de O Planeta dos Dragões, o texto teve que ser dividido em três volumes, por razões técnicas.
Eis o início do Terceiro Volume de O Planeta dos Dragões:

Quente, cheia de areia e pegajosa, com suor e sal, o triunfo fez esquecer todas as irritações menores quando Kylara olhou para baixo, para a ninhada que desenterrara.
- Eles podem ter sete - murmurou ela, olhando para o nordeste e para o Ninho. - Tenho uma ninhada inteira. E outra dourada.
Soltou uma gargalhada rouca. Quando Meron de Nabol visse aquelas belezas... Não tinha dúvidas de que o Senhor odiava os cavaleiros porque invejava os seus dragões. Muitas vezes ele lamentava-se de que as Impressões não deviam ser monopolizadas. Pois bem, ver-se-ia se o poderoso Meron seria capaz de Impressionar um lagarto de fogo. Não tinha a certeza daquilo que a ela daria maior prazer: que ele fosse capaz disso ou não fosse. Tanto lhe fazia. Mas se ele pudesse Impressionar um lagarto de fogo, um bronze, por exemplo, e ela tivesse uma rainha no pulso, e os dois acasalassem... Podia não ser tão espectacular como nos grandes animais, mas perante os dons naturais de Meron... Kylara sorriu com uma antecipação sensual.
- Será melhor que tenham o valor que suponho - disse ela, olhando para os ovos.
Pôs os trinta e quatro ovos endurecidos sobre a espessura de vários sacos de pedras-de-fogo que trouxera. Enrolou a trouxa em peles de "wher" e depois na sua espessa capa de lã. Fora Mulher-de-Ninho o tempo bastante para saber que um ovo subitamente arrefecido nunca mais chocava. E aqueles estavam muito perto de abrir. 
Portanto muito melhor.
Prideth tolerara a preocupação da sua cavaleira com os ovos dos lagartos de fogo. No entanto protestou quando Kyalara lhe deu as coordenadas do Baluarte de Nabol, e não as do Ninho do Sul. 
Começava a amanhecer em Nabol quando a chegada de Kylara levou o "wher" de vigia a correr, uivando, para o seu covil. A guarda conhecia demasiado bem a Mulher-do-Ninho do Sul para protestar contra a sua entrada e um pobre diabo qualquer foi mandado acordar o Senhor. Kylara ignorou a testa franzida de Meron quando ele apareceu nas escadas do Baluarte Interior.
- Tenho ovos de lagarto de fogo para ti, Senhor Meron de Nabol - gritou ela, apontando para a trouxa que um homem carregara - Quero vasilhas com areia quente para não os perdermos. 
"Será que ele tem outra na sua cama?" - pensou Kylara, quase disposta a pegar no seu tesouro e desaparecer.
- Sim, parvo. Tenho uma ninhada de lagartos de fogo prestes a nascer. A oportunidade da nossa vida. - Kylara voltou-se imperiosamente para a governanta de Meron que entrava, meio vestida. - Deita água quente sobre toda a areia quente que tiveres e trá-la imediatamente.
- Ovos de lagarto de fogo? - perguntou Meron. - De que estás a falar, mulher?
- São impressionáveis. Adquirem os seus espíritos ao saírem da casca, tal como os dragões. Se os alimentarmos até ficarem estúpidos, são nossos para toda a vida. - Kylara estava  a colocar os ovos cuidadosamente sobre as pedras quentes da grande lareira. - E trouxe-os aqui exactamente a tempo - acrescentou ela, triunfante. - Juntem os vossos homens rapidamente. Queremos Impressionar tantos quantos forem possíveis.
Meron, rangendo os dentes enquanto observava o seu comportamento com algum cepticismo e muita malícia, confessou:
- Estou a tentar saber como isso poderá beneficiar alguém.
- Usa a tua cabeça, homem - respondeu Kylara, ignorando a reacção amarga do Senhor à sua imperiosidade. - Os lagartos de fogo são os antepassados dos Dragões e "têm todas as suas capacidades!"
Meron só precisou de um instante para compreender o significado daquilo. Enquanto gritava ordens para que os seus homens fossem despertados, colocou-se ao lado de Kylara, ajudando-a a colocar os ovos em frente ao lume.
- Vão ao "entre?" Podem comunicar com os seus proprietários?
- Sim. Sim.
- Esse ovo é de ouro - gritou Meron, estendendo a mão para ele, os olhos pequeninos a refulgirem de cupidez.
Ela deu-lhe uma palmada na mão. 
- O dourado é para mim. O de bronze é teu. Tenho a certeza que este... não, este... é um bronze.
As areias quentes foram trazidas e deitadas sobre a pedra da lareira. Os homens de Meron desceram as escadas, vindos do Baluarte Interior, preparados para a Queda dos Fios. Peremptoriamente, Kylara ordenou-lhes que pusessem de parte a sua parafernália e começou a instruí-los sobre a maneira de Impressionarem lagartos de fogo.
- Ninguém pode apanhar um lagarto de fogo - murmurou alguém, bem no fundo das fileiras.
- Tenho-os aqui, mas duvido que alguma vez tenhas um, sejas tu quem fores - afirmou Kylara.
Sem dúvida os Velhos tinham alguma razão: os homens dos Baluartes estavam a tornar-se demasiado arrogantes e agressivos. Ninguém se atreveria a falar no Baluarte do pai dela, quando ele estava a dar ordens. E ninguém nos Ninhos interrompia uma Mulher-dos-Ninho.
Terão que ser rápidos - observou ela - Saem da casca cheios de fome e comem tudo quanto está ao seu alcance. Tornam-se canibais se não os detêm. 
- Quero segurar o meu até que ele saia da casca - disse Meron a Kylara, em voz baixa. Estava a acariciar os três ovos cujas cascas sarapintadas ele supunha serem de bronzes.

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Nota: pergunto-me sinceramente, se James Cameron não terá lido e apreciado bastante a obra de Anne McCaffrey, e se esta não lhe terá nalgumas partes servido de inspiração. A Impressão dos Dragões, fez-me imediatamente lembrar do filme Avatar.

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