nº 308 - Prisioneiros do Poder 2



Autor: Arkady e B. Strugatsky
Título original: Prisioners of Power
1ª Edição: 1969
Publicado na Colecção Argonauta em 1983
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº307 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Se o primeiro volume da obra dos irmãos Strugatsky revelou algo de novo no domínio da ficção-científica, o segundo leva ainda mais longe essa sensação de novidade. Literalmente até ao fim. Um fim inesperado, como a de uma das melhores novelas policiais, e no entanto muito lógico - de uma lógica que obriga a reler toda a obra, para nela se reconhecerem, uma a uma, as pistas que, com toda a naturalidade, com uma aparente inocência, os autores foram deixando.
Eis as primeiras linhas do segundo volume:

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O primeiro tipo despedaçou a lagarta e pela primeira vez em vinte anos o monstro abandonou o seu trilho bem marcado. Tombando pedaços de betão, abriu caminho por um pomar e rodou sobre si próprio lentamente. A sua frente larga avançou pelo mato e, com um forte estalo, atirou para o lado as árvores trémulas.
Quando a imensa e lamacenta traseira se levantou a prumo, a couraça pendurada em rebites ferrugentos, Zef atirou uma carga explosiva para o motor com um belo tiro, apontado para evitar o reactor. Rasgou os músculos do tanque, os tendões, o sistema nervoso; a máquina ofegou mecânicamente, bufou fumo quente e branco das suas articulações, e parou para sempre. Mas qualquer coisa vivia ainda dentro do seu maldoso coração blindado; alguns nervos sobreviventes continuam a enviar sinais ao acaso: os seus sistemas de emergência ainda fremiam, ligando-se e desligando-se, murmurando e cuspindo espuma; e ele tremeu vagarosamente, escavando a terra com a lagarta sobrevivente. Ameaçador e insensato, com o ventre de uma vespa esmagada, o tubo de vigas cruzadas do lançador de foguetes ergueu-se e caiu do alto sobre o dragão expirante. Zef observou a agonia durante alguns segundos e depois voltou-se e dirigiu-se para a floresta, arrastando o lança-granadas pela bandoleira. Maxim e Vepr seguiram-no. Quando alcançaram uma clareira calma que Zef por certo notara no caminho, deitaram-se na relva.
- Folga para fumar - anunciou Zef.
Enrolou um cigarro para o maneta Vepr, deu-lhe lume e acendeu o seu cigarro. Apoiando o queixo nas mãos, Maxim deixou-se ficar a olhar o moribundo dragão de ferro através das árvores dispersas. As rodas propulsoras da máquina agitavam-se como que com tristeza. Jactos de vapor radioactivo saíam das suas entranhas desfeitas.
- Esta é a maneira de fazer a coisa e a única possível - observou Zef num tom didáctico.
- Se não fizerem assim, arranco-lhs as orelhas.
- Porquê? - perguntou Maxim.
- Eu quis detê-lo.
- Porque uma granada pode fazer ricochete no lança-foguetes. E então estaríamos todos arrumados.
- Apontei à lagarta.
- Tens de apontar à parte traseira - esclareceu Zef. - E de uma maneira geral, quando se é novato neste serviço, nunca se dá o primeiro tiro. A menos que eu diga para o fazer. Está claro?
- Está.
Nem os pormenores da instrução dados por Zef, nem o próprio Zef interessavam a Maxim. Vepr sim. Mas Vepr, com o seu braço artificial apoiado no invólucro delapidado do detector de minas, mantinha o seu silêncio habitual, indiferente. Nada mudara e Mac estava inquieto.
Uma semana antes, quando os novos prisioneiros tinham formado na frente dos quartéis, Zef dirigira-se a Maxim e escolhera-o para a sua 10º Unidade de Sapadores. Maxim ficara deliciado. Não só reconhecera imediatamente a flamejante barba ruiva e o corpo atarracado e forte como Zef também o reconhecera , naquela sufocante multidão de condenados com uniformes axadrezados, onde ninguém se importava com os outros.

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