nº 45 - O Décimo Planeta


Autor: C. H. Badet
Título original: La Dixième Planète
1ª Edição: 1954
Publicado na Colecção Argonauta em 1958
Capa: Lima de Freitas
Tradução: Mário Henrique Leiria

Súmula - foi apresentada no livro nº44 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta:

A ficção-científica, rebento mais jovem da família literária, tem tido, apesar da sua tenra idade, cultores e produtores em quase todos os ramos do saber humano. É assim que vamos encontrar escritores provectos e respeitáveis como Aldous Huxley, Alexei Tolstoi e George Orwell entregues à exploração desse ramo da literatura. Também cientistas como Isaac Asimov, conhecido biólogo e professor, Arthur C. Clarke, presidente da Sociedade Interplanetária Britânica e o Prof. Low, escreveram e continuam a escrever livros de ficção-científica. Com o O Décimo Planeta aparece-nos outra profissão - e bem inesperada, por sinal - na galeria dos autores da FC cançonetista! De facto, C. H. Badet é um popular e conhecido cançonetista francês, homem mirabolante, de mil  profissões. Com O Décimo Planeta, consegue ele dar-nos um novo tipo de personagem de FC: o clochard, o vagabundo parisiense.
Com efeito é um vagabundo quem, por uma manobra desajeitada, põe em marcha o foguete que o há-de conduzir ao décimo planeta do sistema solar, um planeta gémeo da Terra mas que, por se encontrar em posição absolutamente oposta a esta, com o Sol no meio, nunca pôde ser referenciado pelos astrónomos da Terra. Nesse planeta a civilização, cuja evolução foi exactamente idêntica à da Terra, encontra-se no entanto com trezentos ou quatrocentos anos de avanço. Reina aí a Razão suprema; tudo é lógico, coerente, eficaz e razoável... mas é também supremamente desumano.
Os homens e as mulheres são fabricados para um fim exacto e determinado e, por sua vez, transformam o planeta em que habitam numa organização em que nada é deixado ao acaso. O Grande Cérebro tudo rege com a sua Razão Total e tudo condiciona e determina, desde a "predestinação" pré-natal até à condenação ao Grande Repouso.
No meio desta metodologia perfeita, é evidente que um alegre vagabundo, um alegre vagabundo parisiense, se vê metido nas mais complicadas situações que o levam até à redescoberta do absinto - bebida ilógica e, portanto desconhecida no "décimo planeta" - e à revolução alcóolica de toda uma digna corporação de cientistas... e o levam também a apaixonar-se, como bom latino.
Romance absolutamente diferente dos habituais moldes da ficção-científica, O Décimo Planeta é um livro que se lê com um sorriso quase permanente nos lábios. Mas não é só o sorriso que ele nos desperta; é também a atenção para o aviso que dele vem: o caminho, o perigoso caminho para uma completa desumanização do homem, que já vemos ir-se processando lentamente à nossa volta, caminho esse que deve ser evitado por todos os homens conscientes da sua existência como seres humanos...

1 comentário:

  1. Terminei a leitura deste livro ontem. Trata-se de uma obra relaxada e com toques de humor onde o autor expõe as suas conceções sobre a organização da sociedade.
    A história tem lugar num planeta utópico onde toda a sociedade se encontra organizada e subordinada à "razão". Com o desenrolar da ação vamos percebendo que a utopia não é bem o que parece e o héroi termina preferindo de longe o nosso "imperfeito" planeta.

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