nº 272 - Desígnio Negro 1



Autor: Philip José Farmer
Título original: The Dark Design
1ª Edição: 1977
Publicado na Colecção Argonauta em 1980
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº271 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Desígnio Negro (The Dark Design) constitui a terceira obra da célebre série Mundo do Rio (Riverworld) de Philip José Farmer. Na primeira desta série, Mundo Sem Morte (To Your Scattered Bodies Go), o autor apresenta-nos Richard Francis Burton, aventureiro e mulherengo, que inicia a exploração num mundo em que se encontram reunidos os corpos - e possivelmente as almas - de todos os mortos da Terra. Se aquilo é a vida depois da morte, não é o Céu, pois que todos se comportam em conformidade com a sua vida anterior e, quando de novo morrem, tornam a ressuscitar, numa constante sequência do mesmo comportamento. Na segunda obra, Viagem Para Além da Morte (The Fabulous Riverboat), surgem - além de Burton, Herman Goering, Sam Clemens (celebrizado com o pseudónimo de Mark Twain) e outras figuras de renome histórico e literário, subindo o Grande Rio, num barco semelhante aos que singravam, outrora, no Mississipi, mas com curiosas inovações técnicas.
Ainda que estas duas obras tenham sido justamente consideradas como das mais importantes até hoje surgidas no domínio da ficção-científica, Desígnio Negro consegue excedê-las na sua concepção dramática e no estilo. Philip José Farmer agiganta-se nela, alcançando o nível dos grandes mestres, não apenas no seu género, mas quanto aos clássicos.
Em Viagem Para Além da Morte, atrás citada, Sam Clemens fora traído: o seu "Fabuloso Barco do Rio", construído à custa de mil sacrifícios num mundo sem metais e sem tecnologia, fora-lhe roubado e iniciara a sua viagem até à misteriosa origem do Rio, sem o levar a bordo. Em Desígnio Negro assiste-se à sua vingança: a construção de um novo barco e, num passo gigantesco, a de grandes dirigíveis, capazes de voar sobre as altas montanhas do Mundo do Rio e de eliminar as barreiras artificiais, construídas pelos misteriosos criadores desse mundo para dividir a Humanidade ressuscitada e realizar o seu Desígnio Negro
Por razões técnicas, Desígnio Negro será dividido em duas partes, que serão publicadas sucessivamente.

Prefácio

Este livro é o volume III da série Mundo do Rio (Mundo Sem Morte, nº 263 da Colecção Argonauta e Viagem Para Além da Morte, nº 268. A presente obra será dividida em dois volumes, dada a sua extensão). Originalmente devia ser a conclusão de uma trilogia. No entanto o manuscrito tinha mais de 600 000 palavras. Publicado sob uma só capa, seria demasiado pesado e incómodo para o leitor.
Portanto, o editor e eu resolvemos cortá-lo em dois. O volume IV - The Magic Labyrinth, seguir-se-á a este livro (a última das partes aguarda publicação na Colecção Argonauta). Concluirá definitivamente esta fase da série, explicando todos os mistérios aflorados nos primeiros três volumes e juntando todas as pontas num nó. Górdio ou qualquer outro.
Quaisquer novelas sobre o Mundo do Rio depois do volume IV, não devem ser consideradas como fazendo parte do fluxo principal da série. Serão "marginais", histórias não directamente ligadas aos mistérios e anseios das primeiras três. A minha decisão de as escrever baseia-se na minha crença - e de muitas outras pessoas - de que a ideia do Mundo do Rio é demasiado grande para ser comprimida em quatro volumes. No fim de tudo temos um planeta em que um único rio, ou um mar muito longo e estreito, se estende por 16 090 000 quilómetros. Mais de 36 000 milhões de pessoas vivem nas suas margens, seres humanos que existiram desde a Alta Idade da Pedra até ao princípio da Era Electrónica. 
Não há espaço nos quatro primeiros volumes para fazer a crónica de muitos acontecimentos que podem interessar o leitor. Por exemplo: os ressuscitados não foram distribuídos ao longo do Rio segundo a ordem cronológica pela qual nasceram na Terra. Houve uma considerável mistura de raças e nacionalidades de diferentes séculos. Tomem como exemplo um dos milhares de blocos ao longo das margens. Pode situar-se numa área com dez quilómetros de comprimento, compreendendo a sua população de 60 por cento de chineses do 3º século da era de Cristo, 39 por cento de russos do século XVII e um por cento de homens e mulheres de qualquer parte e qualquer época.
Como poderá essa gente formar um estado viável a partir da anarquia? Como poderá ela obter êxito ou falhar nos seus esforços para se entender entre si e para formar um corpo que se possa defender contra estados hostis? Que problemas enfrentará?
Neste livro, Jack London, Tom Mix, Nur ed-din el-Musafir e Peter Jairus Frigate partirão no Razzle Dazzle II, pel'O Rio acima. As personalidades de Frigate e Nur são descritas pormenorizadamente nos volumes III e IV. No entanto não houve espaço bastante para desenvolver por completo as dos outros. Disso se encarregarão as histórias "marginais". 
Elas relatarão como os tripulantes do Razzle Dazzle encontraram alguns maiores e menores representantes de vários campos da aventura humana. Incluindo Leonardo da Vinci, Rousseau, Karl Marx, Ramsés II, Nietzsche, Bakunine, Alcibíades, Eddy, Ben Johnson, Li Po, Nichiren Daishonin, Asoka, uma mulher das cavernas da Idade do Gelo, Joana d' Arc, Gilgamesh, Edwin Booth, Fausto, e outros.
Tornou-se aparente a alguns que Peter Jairus Frigate lembra fortemente o autor. É verdade que eu sou a base dessa personagem, mas Frigate tem comigo aproximadamente a mesma semelhança que a de David Copperfield tem com Charles Dickens. Os caracteres físicos e psíquicos do autor são apenas uma prancha de saltos destinada a lançar a realidade na para-realidade que é a ficção.
Peço desculpa pelos finais suspensos dos primeiros três volumes. A estrutura da série é tal que não me foi possível igualar a da série "Fundação" de Asimov. Nessa, cada volume parecia ter uma conclusão definida, o mistério parecia resolvido, enquanto a sequela revelava que o final anterior era falso ou enganador.
Espero terminar a série, do volume I até ao V (ou talvez ao VI), antes que chegue o meu tempo de me estender e repousar enquanto aguardo a vez de entrar no fabuloso barco do Rio.  

PHILIP JOSÉ FARMER 

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