nº 517 - O Exílio do Tempo



Autor: Ray Cummings
Título original: The Exile of Time
1ª Edição: 1964
Publicado na Colecção Argonauta em 2000
Capa: António Pedro
Tradução: Alexandra Santos Tavares 

Súmula - foi apresentada no livro nº516 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Capítulo 1
Os extraordinários incidentes principiaram cerca da uma hora da madrugada de 8 para 9 de Junho. Percorria eu Patton Place, na cidade de Nova Iorque, na companhia do meu amigo Larry Gregory. O meu nome é George Rankin. O que eu e Larry andávamos a fazer... é um pormenor de pouca monta para esta narrativa. Tínhamos sido amigos na universidade. Ambos trabalhávamos em Nova Iorque; e com todos os nossos parentes no médio Oeste, tinhamos decidido partilhar um apartamento nesta mesma Patton Place - uma rua curta, curva, pouco conhecida, com edifícios de habitação não especialmente interessantes, perto do bairro conhecido como Greenwich Village, cujas torres de escritórios da zona comercial quase a estrangulavam.
Nessa noite, à uma hora da madrugada, estava deserta. Havia um táxi a uma esquina; o motorista devia tê-lo deixado ali e ido, naturalmente, comer a um restaurante próximo. A noite estava abafada e escura, com um céu de chumbo. As casas encontravam-se, na sua maior parte, às escuras, àquela hora. Havia um ou outro prédio de apartamentos entre elas, mas na sua maioria, eram casas baixas, decrépitas, de tijolo e de pedra.
Estávamos ainda a três quarteirões do nosso apartamento, quando, sem qualquer aviso prévio, principiaram os incidentes que iriam mergulhar-nos, a nós e à cidade, no caos. 

Introdução ao Exílio do Tempo 

Este romance foi escrito por volta de 1930, e surgiu inicialmente em série em 1931. Embora a esfera de acção decorra no início da Terra como planeta, e inclua uma caçada numa máquina do tempo até ao fim do mundo, existem três pontos principais no tempo nesta história: 1777, 1932 e 2930. Sabemos agora, evidentemente, que nenhuma catástrofe como a vingança dos Tugh assolou a cidade em Nova Iorque em 1932, mas isso pouca importância tem. Também sabemos que não houve qualquer invasão da Grã-Bretanha pelas criaturas de Marte no final do século passado, mas isso de forma alguma reduz o encanto e a excelência do livro "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells. 
Mais uma vez, a imagem do futuro distante, imaginada pelo autor em mil novecentos e trinta, pode parecer-nos suavizada em diversos aspectos, embora uma sociedade onde os robôs humanóides realizam todos os tipos de trabalhos servis nos pareça ainda suficientemente futurista. Mas voltando novamente às obras do grande autor inglês de ficção-científica, a imagem dos séculos que ele apresenta em When The Sleeper Wakes não é menos atraente apesar do facto de, em diversas formas, o nosso mundo dos anos sessenta o ter superado no seu progresso tecnológico. Uma história clássica de ficção-científica, tal como esta, nunca se desactualiza.
A viagem no tempo é um dos vários temas que Ray Cummings apresenta em diversos aspectos nos seus romances. Raymond King Cummings nasceu e mil oitocentos e oitenta e sete. O seu pai era proprietário de plantações de laranjas em Porto Rico, e o jovem Ray viajou bastante durante a sua juventude. A sua formação em Porto Rico, para além das suas viagens, podem justificar a sua grande atracção pelos latinos que descreve nos seus livros, tornando-os em personagens ora simpáticos ora antipáticos, nos quais surgem, estranhamente combinadas, a nobreza e uma ambição feroz e orgulhosa.
Cummings estudou Física na Universidade de Princeton, e antes de atingir a maioridade, tinha trabalhado nos campos de petróleo do Wyoming, procurado ouro na Colúmbia Britânica, e tinha participado em expedições de madeireiros no norte. De 1914 até 1919, foi assistente pessoal de Thomas Edison, e trabalhou muito nos registos de Edison.
A sua primeira história, uma novela intitulada The Girl in the Golden Atom (A Jovem no Átomo Dourado), foi publicada em livro tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos. Desde a altura em que a sua novela foi publicada até à sua morte em 1957, Cummings escreveu todos os tipos de ficção popular, mas principalmente no campo imaginativo que inclui a fantasia e a ficção científica. A sua obra era tremendamente popular entre os leitores das revistas Munsey; e quando as revistas de ficção-científica começaram a surgir, os seus editores foram anunciados com pedidos de novas publicações dos seus romances, e de novas histórias. No entanto, os editores das duas publicações anteriores não conseguiram não conseguiram rivalizar com a cadeia publicada por William Clayton Jr., e foi para as "Histórias Surpreendentes" de Clayton que Cummings escreveu os seus últimos romances: Brigands of the Moon, Wandi, the Invader (uma sequência da primeira), e The Exile of Time (O Exílio do Tempo).
O seu trabalho é caracterizado pela naturalidade da caracterização e pelas reacções credíveis das pessoas apanhadas em situações fantásticas. Cummings não precisava de heróis que fossem super-homens ou vítimas; utilizou as pessoas vulgares, mas cada uma delas possui uma centelha de individualidade própria que a distingue dos personagens inconsistentes que arruínam tanta ficção-científica. 
                                                                         
                                                                                                                     Robert A. W. Lowndes

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