nº 286 - Os Visitantes 1



Autor: Clifford D. Simak
Título original: The Visitors
1ª Edição: 1979
Publicado na Colecção Argonauta em 1981
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº285 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":
No posto de gasolina, o empregado enfiou a agulheta no depósito do carro do banqueiro e olhou para cima.
- Meu Deus! Kermit olha para aquilo, olha!
O banqueiro olhou para cima.
A coisa que surgira no céu era negra, enorme e estava muito baixo. Não fazia ruído algum. Flutuava ali e descia lentamente para o solo. Enchia metade do céu.
- Um OVNI - comentou o empregado. - O primeiro que vi. Meu Deus, é enorme. Nunca pensei que fossem tão grandes. 
O banqueiro não respondeu. Estava demasiado assombrado para responder. Não podia mover um músculo. 
Um pouco mais adiante, na rua, Sally, a criada, gritou. Largou a vassoura e fugiu a correr, às cegas, sem destino, gritando continuamente.
"Stiffy" Grant, surpreendido pelos gritos, levantou-se do barril dos pregos e dirigiu-se a custo para a rua antes de ver aquela coisa enorme e negra suspensa no céu. Inclinou a cabeça de tal modo para trás que perdeu o equilíbrio, o qual já não era tão bom como devia ser em resultado de ele ter acabado o que restava de uma garrafa de bagaço, feito clandestinamente por Abe Parker em qualquer parte do mato. "Stiffy" estava de costas e ficou sólidamente sentado no meio da rua. Pôs-se de pé num salto e fugiu. O charuto caíra-lhe da boca mas ele não voltou para trás para o apanhar. Esquecera-se de que estivera a fumá-lo.
Na barbearia, George parou o corte de cabelo e correu para a janela. Viu Sally e "Stiffy" a fugirem em pânico. Largou a tesoura e saltou em direcção à parede atrás do balcão. Agarrou na espingarda, moveu a alavanca para meter um cartucho na câmara e saltou para a porta.
Norton levantou-se da cadeira.
- Que aconteceu, George? Que está a acontecer?
O barbeiro não respondeu. A porta bateu atrás dele. Norton abriu a porta com um gesto brusco e saíu para o passeio. O barbeiro corria pela rua abaixo. O empregado da bomba de gasolina corria  para ele.
- Ali, George - gritou o empregado, apontando para um lote de terreno vago. - Desceu junto ao rio.
George correu em direcção ao terreno. Norton e o empregado seguiram-no. Kermit Jones, o banqueiro, saltitou atrás deles, bufando e arquejando.
Norton saíu do terreno vago para um pequeno monte de gravilha que ficava acima do rio. Na outra margem, junto à ponte e combrindo-a, estava uma grande caixa negra - uma coisa enorme. O seu comprimento era tal que atravessava todo o rio, um extremo assente na margem oposta, outro naquela. Não era tão largo quanto comprido e estava no ar, sobre o rio. À primeira vista era apenas uma construção oblonga, sem quaisquer caracteristicas que pudessem ser destinguidas - uma caixa pintada com o negro masi negro que ele alguma vez vira.
Em frente dela, o barbeiro parara e levantara a arma ao ombro.
- Não, George, não! - gritou Norton. - Não faças isso!
A espingarda disparou, e quase no mesmo instante um relâmpago muito brilhante saltou da caixa, do outro lado do rio. O barbeiro flamejou por um momento quando o relâmpago o atingiu; depois a luz desapareceu e o homem, durante outro momento, permaneceu de pé, enegrecido como um toco de árvore grotescamente semelhante a um homem, uma coisa negra que fumegava. A arma nas suas mãos tornou-se de um rubro cereja e vergou-se, o cano a dobrar-se como um pedaço de esparguete molhado. Então George, o barbeiro, como que se desmoronouo, formando no chão uma massa que não tinha qualquer semelhança com um homem, uma massa negra amontoada que continuava a fumegar, como pequenos fios de fumo malcheiroso a subir dela.

Eis uma das passagens iniciais de Os Visitantes (The Visitors), a última obra de Clifford D. Simak, uma das melhores, ou mesmo a melhor, que até hoje saíu das suas mãos.
Os Visitantes marca uma fase nova no estilo de Simak. Não se assemelha a nada que o grande escritor tenha produzido. A linguagem é nova, o tema é novo. O pastoralismo, a adoração da natureza, o maravilhoso, o roçar pela fantasia, a profunda interiorização que tinham caracterizado o trabalho de Simak desde há muitos anos, cederam lugar a um estilo directo e ao tratamento directo de um tema do nosso tempo - o dos Objectos Voadores Não Identificados. Tratamento esse feito com uma arte e uma aparência de verdade que nenhum outro autor até agora conseguira.
Por razões técnicas, Os Visitantes serão divididos em dois volumes.

1 comentário:

  1. Comecei hoje o segundo volume, comprei-o ontem, e como diz Raul Brandão do seu Palhaço,
    ponho febre na leitura dos Visitantes.

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