nº 86 - Fundação e Império



Autor: Isaac Asimov
Título original: Foundation and Empire
1ª Edição: 1952
Publicado na Colecção Argonauta em 1964
Capa: Lima de Freitas
Tradução: Alfredo Margarido


Súmula - foi apresentada no livro nº85 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta:  

A ciência deixou de existir num Império destruído e que perdeu os seus cientistas que fundaram dois mundos novos: a primeira Fundação - especialmente encarregada de redigir a Enciclopédia Galáctica - e a segunda Fundação, cuja localização é desconhecida, e cuja actividade é também um mistério.
O velho Império continua a descair, pois que os seus reis ou são fracos, e portanto logo substituídos por generais ou favoritos fortes, ou são fortes e, nesse caso, destroem todos os indivíduos que aparecem dispondo de algumas possibilidades de se lhes oporem.
Este choque contínuo que se mantém durante séculos, entre os reis fracos e as personalidades imperiais de grande poder de decisão e de acção, mais não faz do que apressar uma queda prevista inevitávelmente pelas leis da psico-história de Harri Seldon (o fundador das Fundações, destinadas a defender as conquistas científicas e técnicas do Império).
Bel Riose, o general que pretende alargar o domínio do Império pela conquista dos mundos que a Fundação controla, procura em Siwenna um velho Patrício. Quer descobrir o rasto dos mágicos, ou seja dos cientistas que podem produzie e controlar a força atómica. Mas as leis da psico-história condenam a sua tentativa e, embora avisado de que a mão morta de Harri Seldon o condena, decide-se a sustentar a batalha, e perde.
A sua morte, confirmando as leis de Seldon, confirma também a imutabilidade das força que se concentram numa determinada zona do espaço; forças económicas e políticas, e também psicológicas, como o demonstra a longa explicação do patrício darwiniano Ducem Barr a respeito da posição que os reis fortes assumem perante os generais fortes, e da que os generais fortes assumem perante os reis fracos.
Se a primeira parte trata do conjunto da Galáxia visto pela óptica do Império, a segunda introduz-nos num mundo completamente novo: a Fundação. Vamos, portanto, encarar os problemas através de uma vida nova, a dos Comerciantes.
Estes comeciantes são, com efeito, os descendentes dos cientistas que criaram a Fundação. O seu primeiro objectivo, que fora redigir e publicar a Enciclopédia Galáctica, passa para segundo plano, e criam uma economia comercial que lhes permite negociar com instrumentos atómicos e descobrir também as técnicas da guerra económica.
Esta primeira Fundação, levou duzentos anos a tornar-se o Estado mais poderoso da Galáxia, mas os seus tiranos, os seus governadores impotentes, não tardam a criar uma situação difícil, que se repercute no aparecimento dos Mundos Comerciais Independentes, que se recusam a pagar impostos aos tiranos e sanguessugas da Fundação e procuram estabelecer uma frente única com os elementos do subterrâneo, agrupamento da luta clandestina contra a ausência de liberdade da Fundação.
Num mundo pertencente aos Mundos Comerciantes Independentes, Haven, uma anã vermelha, desembarca um dia um casal constituído por Toran, comerciante nascido naquele mundo, e Bayta, uma rapariga oriunda da Fundação. O casamento é censurado pelo pai de Toran, pois está fora dos costumes dos comerciantes, mas é defendido pelo tio Randu, que mostra que se trata de um uso tradicional entre os oriundos da Fundação.
A situação revela-se catastrófica e os comerciantes mostram-se impotentes para a resolver com os meios tradicionais; que de resto se limitam à recusa de pagamento dos impostos e à liquidação sumária de todos os cobradores que a Fundação remete para Haven. Toran mostra que, na verdade, não se pode esperar uma solução quando se opera com actividades tão dispersas, tão pouco organizadas e, sobretudo, tão ineficientes.
É nesta altura que surge pela primeira vez o nome do Mula, um desconhecido, cuja origem é duvidosa, cuja educação e instrução parecem ser muito parcas. Randu, chefe de um agrupamento de resistência de Haven, em ligação com agrupamentos semelhantes nos restantes Mundos Comerciais Independentes, pensa que uma aliança com o Mula lhe permitirá derrubar os tiranos e sanguessugas que os dominam e restaurar as liberdades democráticas, consideradas essenciais para governar a Galáxia com eficiência.
Toran e Bayta aceitam a missão de procurarem identificar o Mula e de estabelecer com ele um primeiro contacto, para que as organizações conhecidas de Randu possam estudar um plano de acção conjunta e eficiente. Todavia, quando Toran e Bayta já se encontram em Kalgan, surge a primeira revelação de que será difícil trabalhar ao lado do Mula, pois que ele não é um ser humano. Trata-se de um Mutante, e esta palavra cheia de implicações lança o alarme, acompanhado de grande perturbação, entre os habitantes da Fundação.
É possível derrubar os senhores da guerra da Fundação, como o prova com terrivel eficiência o Mula, mas a troca, como diz um dos comerciantes independentes, não oferece qualquer vantagem. Sendo assim, procura-se identificar esse Mula para o eliminar, ou pelo menos estabelecer acordos.
Toran e Bayta transportam na nave um palhaço de físico ingrato, que diz ter trabalhado para o Mula. Percorrem o espaço em todas as direcções, procurando afincadamente a segunda Fundação que permitiria, possivelmente, resistir ao impulso dinâmico do Mula. Nessa busca, participa também o psicólogo Ebling Mis, sábio à velha maneira, rabugento e despreendido, que há-de morrer às mãos de Bayta para que não revele o lugar onde está localizada a segunda Fundação.
Isto porque, entretanto, Bayta conseguiu descobrir a verdadeira identidade do Mula, que Isaac Asimov só desvenda nas últimas páginas, depois de nos conduzir através de miríades de estrelas que estão acima de nós e serão, amanhã, o lugar onde onde o Homem há-de viver as suas aventuras, com amor e morte, com ódio e perdão, com calor e frio, com trabalhos e lazer. E é essa identidade que, aliada aos elementos sedutores da imaginação de Asimov, manterão o leitor permanentemente preso à leitura de FUNDAÇÃO E IMPÉRIO. 
                                       
 Nota: estranhamente, os responsáveis editoriais da Colecção Argonauta na altura, optaram por não contextualizar na súmula a célebre Trilogia da Fundação de Isaac Asimov, uma das suas obras mais famosas, absolutamente monumental, que aqui conhece a sua edição portuguesa únicamente a partir daquele que seria o seu segundo volume. Dois números mais tarde, a Argonauta publicaria depois aquele que seria o 3º volume da Trilogia, a obra denominada como Segunda Fundação (nº 89).                                                              
                                                          
Deixo abaixo descrito o contexto relacionado com a monumental obra Fundação, segundo a Wikipedia:

                                                                             * * *

Fundação era originalmente uma série de oito pequenas histórias publicadas na Astounding Magazine entre Maio de 1942 e Janeiro de 1950. De acordo com Asimov, a premissa foi baseada em ideias colocadas pelo livro de Edward Gibbon, "História do Declínio e Queda do Império Romano", e foi inventada espontaneamente no caminho para um encontro com o editor John W. Campbell, com quem ele desenvolveu o conceito.
As primeira quatro histórias foram reunidas, junto a uma outra história tomando lugar antes das outras, em um volume único publicado pela Gnome Press nos Estados Unidos em 1951 como Fundação. O resto das histórias foram publicadas em pares pela Gnome como Fundação e Império (1952) e Segunda Fundação (1953), resultando na "Trilogia da Fundação", como a série ficou conhecida por décadas.
Em 1981, após a série ter sido considerada um dos trabalhos mais importantes da ficção científica moderna, Asimov foi convencido por seus escritores a escrever um quarto livro, que se tornou Limites da Fundação (1982).
Quatro anos depois, Asimov continuou com outra sequência, Fundação e Terra (1986), que mais tarde foi acompanhada por dois livros cronologicamente anteriores à trilogia, Prelúdio para a Fundação (1988) e Crônicas da Fundação (1983). Durante o hiato entre escrever as sequências, Asimov interligou na sua série vários outros trabalhos, criando um universo ficcional unificado. Um elo básico é mencionado pela primeira vez em Limites da Fundação: uma história obscura a respeito de uma primeira onda de colonização com robôs e mais tarde uma segunda sem eles.

Fonte:  http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rie_da_Funda%C3%A7%C3%A3o

2 comentários:

  1. Este livro, e todos da série FUNDAÇÃO, tanto os iniciais ou os das séries recentes, têm como ponto de partida o conceito da Azimov acerca da História e portanto, do Tempo. Noutras obras como os 9 AMANHÃS, ele demonstrou que esse seu conceito era transversal à sua obra. Esse conceito é simples: o seu Tempo é Newtoniano. (Não vão procurar referências, eu é que penso isso) O seu paradigma científico como que parou no tempo (desculpem a piada), o seu paradigma é Newtoniano e a forma como a História se forma e evolui é previsível e linear porque ele vê não somente as sociedades humanas como a psicologia dos humanos como algo de quantitativo. Faz lembrar os geógrafos de Borges: estes foram desenvolvendo os seus estudos de geografia e elaborando mapas até que fizeram enfim um mapa do tamanho do território e julgaram terminado o seu trabalho. Har Seldon é assim como que o continuador da ciência como era vista no séc. XIX. Claro que há nuances, há o supremo esforço dos cientistas da História, mas esse esforço afinal pode caber na cabeça do génio porque apesar de indefinidamente (os franceses contrapõem o conceito de quantité indéfinie ao de infini, com sequências lógicas interessantes)complexas as variáveis são possíveis de manipular mentalmente ou em aparelhos especialmente concebidos porque são apesar de tudo redutíveis a REGRAS ou LEIS de factura humana.
    É no seu conjunto uma obra a não perder, sobretudo se tivermos em conta as diferenças e os momentos diversos em que as obras foram concebidas. Os 3 primeiros livros são os melhores, mas é boa leitura ler todos na sequência final, Asimov é bom escritor e soube fazer as pontes entre os livros.
    Quanto à série da Argonauta começar no segundo livro, penso que se deveu ao facto de ter havido outro editor que "segurou" o copyright, ignoro no entanto se português ou brasileiro e se chegou a editar ou não o livro.
    Abraço
    Augusto Mouta

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  2. Sim, acabei lendo o primeiro volume de Fundação por uma outra editora, Creio que brasileira.

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