nº 324 - Espião Interstelar


Autor: Poul Anderson
Título original: Ensign Flandry
1ª Edição: 1966
Publicado na Colecção Argonauta em 1984
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº323 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Espião Interstelar é a versão portuguesa de Ensign Flandry, uma das curiosas obras que Poul Anderson escreveu em torno da figura lendária do jovem Dominic Flandry, aspirante do Corpo Naval Imperial e agente secreto da Terra, sempre envolvido nas mais extraordinárias aventuras, apesar dos seus dezanove anos. Agora o problema está nos peles verdes de Mersela - os belicosos e inteligentes répteis que sonham em destruir a Terra. Tudo começa em Starkad, um pequeno planeta na terra-de-ninguém, que durante séculos serviu de palco à guerra entre dois partidos. Subitamente Mersela surge a apoiar um deles... e naturalmente a Terra passa a apoiar o outro. E a escalada começa. Mas que interesse terá Mersela em arriscar-se a uma guerra com a Terra, por causa de um planeta tão pobre?
Eis como se inicia a maravilhosa aventura:

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Fim do dia, na Terra...
Sua Majestade Imperial, o Alto Imperador Georgios Manuel Krishna Murasaki, o quarto da dinastia Wang, Supremo Guardião da Paz, Grande Director do Conselho Estelar, Comandante-Chefe, Árbitro Final, reconhecido com supremo em muitos mundos e chefe honorário de mais organizações do que algum homem poderia recordar, festejava um aniversário. Em planetas tão distantes que, a olho nú, não era possível ver os seus sóis entre os que cintilavam sobre a Oceânia, homens tornados escuros e coriáceos, ou gordos e fatigados, por estranhos climas, ergueram copos numa saudação. As ondas de luz que transportavam os seus votos deviam vir a esbater-se no seu túmulo.
A Terra em si, foi menos solene. Exceptuando a corte, que ainda se sentia obrigada a seguir a luz do dia, à volta do globo, para assistir a uma cerimónia esgotante após outra, o Aniversário era simplesmente um pretexto para um carnaval. Enquanto o seu aerocarro zumbia sobre as grandes águas que entravam na penumbra, o Sr. Markus Hauksberg via o Leste a arder com a luminosidade do céu, nascida de multicoloridas cortinas móveis, em que os fogos de artifício explodiam como meteoritos. Naquela noite, enquanto o planeta girava, o seu lado da noite estava tão radiante como se quisesse ofuscar os próprios metrocentos vistos da Lua. Se ligasse o seu "vid", para quase todas as estações, poderia ver multidões tumultuosas, a encher as casas de prazer, entre as torres festivamente decoradas.
A sua dama quebrou o silêncio com um murmúrio que o assustou:
- Gostaria de ter estado aqui, cem anos antes.
- O quê? - Por vezes ela ainda o surpreendia.
- O Aniversário ainda significava alguma coisa.
- Bem... sim. Concordo. - Hauksberg lançou o seu espírito para trás na História. Ela tinha razão. Os pais levavam os "filhos" para fora, quando o crepúsculo fazia terminar as paradas e as festas; apontavam para as primeiras estrelas a despontar e diziam:
- Olha para longe. Aquelas são nossas. Cremos que há cerca de quatro milhões sob o domínio imperial. Por certo que cem mil nos conhecem no dia a dia, nos obedecem, pagam tributo, e recebem paz e riqueza recíproca, em troca. Os nossos antecessores fizeram isso. A fé mantém-se.
Hauksberg encolheu os ombros. Não se podia evitar que as últimas gerações ignorassem a ingenuidade. A seu tempo deviam compreender, até aos ossos, que aquela migalhinha de galáxia tinha mais de cem milhões de sóis; que ainda nem sequer explorámos por completo um braço da espiral, e que não parece que alguma vez o consigamos; que não precisamos de telescópios para ver gigantes como Betelgeuse e Polaris, que não nos pertencem. Partindo daí, tudo o mais é fácil. Toda a gente sabe que o Império foi ganho e é mantido pela força bruta, que o governo central é corrupto, que na fronteira tudo é brutal e que a última organização com um alto moral, a Armada, vive para a guerra, para a opressão e para o anti-intelectualismo. Portanto divirtam-se, aliviem a vossa consciência com um pouco de desprezo discreto, e nunca, nunca façam figura de parvos tomando o Império a sério.
Pode ser que eu mude tudo, pensou Hauksberg.
Alicia interrompeu.
- Podíamos pelo menos ir a uma festa decente! Mas não, resolveste levar-nos à do Príncipe Real. Estás à espera que ele compartilhe contigo um dos seus meninos bonitos?
- Hauksberg tentou acalmar as coisas com uma careta:
- Ora, ora, meu amor, estás a cometer uma injustiça. Sabes que eu ainda persigo mulheres. De preferência mulheres bonitas como tu.

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2 comentários:

  1. Primeira "longa metragem" do personagem Dominic Flandry, o qual já tinha protagonizado diversos contos de Poul Anderson desde os anos 50. É uma das minhas space operas favoritas e, incrivelmente, a Argonauta publicou ainda mais 2 romances da série

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  2. da série Flandry na Argonauta: "Essas Estrelas São Nossas", "O Planeta Neutral".

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