nº 438 - O Xadrez do Tempo



Autor: James Blish
Título original: The Quincunx of Time
1ª Edição: 1957
Publicado na Colecção Argonauta em 1994
Capa: A. Pedro
Tradução: António Porto

Súmula - Foi apresentada no livro nº437 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

James Blish é um dos autores de ficção-científica mais representados na Colecção Argonauta e um dos mais originais e mais subtis, tanto nos temas como no estilo. O Xadrez do Tempo é a versão portuguesa de The Quincunx of Time, uma das suas obras mais interessantes.
Imagine-se que na busca de um meio capaz de assegurar instantaneamente , ou perto disso, as ligações com os outros mundos, no espaço, que mesmo com as naves mais rápidas que a luz, demoravam longos meses a chegar ao seu destino, se descobria um transmissor que permitia comunicar não só através do espaço, mas também através do tempo!
Tendo na sua frente um império interestelar em plena expansão, o Capitão Weinbaum supôs que o transmissor Dirac seria a solução dos seus problemas. Mas pense-se em como eles se agravaram quando o transmissor começou a receber mensagens ainda antes de elas serem transmitidas!

Prefácio Crítico (Ser Censurado por Amigos da Ficção): 

Tal como foi francamente declarado umas quantas páginas atrás, juntamente com os dados do "copyright", e outras indicações a que os editores chamam "pistas", este livro iniciou a sua vida como história curta de 14.000 palavras. Inicialmente publicada numa revista, em 1954. Mesmo então, não se tratava tanto de um conto, de acordo com os padrões narrativos normais. Quando William Sloane a incluiu numa antologia do mesmo ano, "Histórias para Amanhã" - (Funk & Wagnalls), disse, na respectiva introdução, com uma amabilidade quase exagerada, que o fio da história "não era redundante de acção física" e que, na realidade apresentava apenas "uma ténue trama de acontecimentos longínquos". Tais censuras correspondiam, em absoluto à verdade e daí que eu tivesse ficado tanto mais espantado, quando André Norton subsequentemente incluiu a peça numa antologia dedicada a leitores adolescentes, chamada "Polícia do Espaço" - (World, 1956). Miss Norton cortou dela algumas referências a bebida, mas deixou intacto tudo aquilo que Mr. Sloane achou que poderia sobressaltar ou atordoar até mesmo novos leitores adultos... as coisas difíceis sobre Física e Filosofia. 
Transformar um conto curto num romance também não é, normalmente, considerada uma boa prática e, uma vez que já tenho sido acusado umas quantas vezes, por amigos putativos, de fazer exactamente isso, fiquei ainda mais espantado, ao ser-me pedido pelo leitor Larry Shaw que assim procedesse em relação a essa história nada prometedora e praticamente sem intriga, chamada "Bip". Por outro lado, Mr. Shaw fora o primeiro a descobrir algum sentido e mérito numa novela minha que, eventualmente se tornou num sucesso chamado "Um Caso de Consciência" - (1958); portanto, senti-me obrigado a uma revisão.
Fiz duas interessantes descobertas. A primeira delas, não foi realmente uma novidade para mim. Descobri, à semelhança do falecido C. S. Forester, que ignorava o que era um romance. Dada toda a abrangência do termo em inglês, o mais perto que se pode chegar ao rotulá-lo, é a definição de C. S. Forester: "obra de ficção em prosa com alguma extensão". As pessoas que afirmam rigidamente que uma obra de ficção até 45.000 ou mais palavras não corresponde aos respectivos padrões de complexidade, não sendo, por conseguinte, um romance, deveriam possivelmente ler mais antes de abrirem a boca. Se Forester as não puder ajudar, talvez Flaubert ou Leonid Andreyev lhes consigam abrir os espíritos.
A segunda descoberta foi que "Bip", tal como Mr. Shaw sempre vira, era acerca de alguma coisa... e algo importante para mim, se não para toda a gente. Merecia ser repensado e expandido, em especial sob a perspectiva de mais quinze anos de reflexão nos assuntos que aborda. Eu tinha chegado a novas conclusões quanto ao tema (em parte por mim próprio, em parte com a ajuda de discussões travadas com o amigo a quem é dedicado - (Paul Shackley) -, embora este tivesse surgido bastante mais tarde no processo), conclusões que considerava (não entrará aqui a modéstia) serem de imediata urgência. 
Uma forma de explicar isto seria dizer que, embora o livro seja ficção, as sucessivas especulações conflituosas que contém acerca do Tempo, do Conhecimento e da Liberdade de Pensamento, destinam-se todas a serem tomadas a sério.
Ainda não há aqui grande quantidade de acção física, muito menos qualquer melodrama. A estrutura da história continua a ser praticamente esquelética, na verdade quase perfunctória, como Mr. Shaw a considerou em 1954. Não a "romantizei", incluindo nela toda uma gama de novas personagens, uma análise psicológica, ou comentários sociológicos. Inclui certo número de novos episódios, mas somente aqueles de que necessitava para prolongar o curso do argumento.
Por outro lado, tentei levar bastante mais longe as especulações que, inicialmente, pontuavam a história. Procurei dramatizar essas especulações na versão curta: aqui, ainda me dou a tal trabalho, espero que de maneira mais ponderada. O drama, para aqueles que o conseguem apreciar nesta forma, reside mais na especulação do que na acção, precisamente como antes. 
As histórias de ficção-científica saem, por vezes assim,. Esse é, quanto a mim, um dos diversos proporcionados pelo género. Mas também eu aprecio activamente a reflexão, para grande desespero da minha família. E o tipo de ficção-científica que, eventualmente, dela extraio (ou que nela leio) não serve para toda a gente. Aqueles que estão à espera de contos de fadas, ou de sangueira, deverão, desta vez, dedicar-se a outra coisa. Não os condeno mas também não estou, aqui, à altura deles.

Treetops, Woodlands Road Harpsden (Henley)
Oxon., England, 1970                                                                                              James Blish 

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