nº 274 - A Irmandade do Talismã



Autor: Clifford D. Simak
Título original: The Fellowship of the Talisman
1ª Edição: 1978
Publicado na Colecção Argonauta em 1980
Capa: A. Pedro
Tradução: Eurico da Fonseca 

Súmula - Foi apresentada no livro nº273 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Mais um livro de Clifford D. Simak. Mais uma obra que fala de um mundo talvez paralelo, talvez distante no tempo, um tempo em que as lendas se tornam reais, em que os duendes e os dragões coexistem com os homens. Uma obra que reflecte o panteísmo de Simak, o seu amor pela natureza e pelas coisas belas, o contraste entre a tecnologia e a simplicidade.
De A Irmandade do Talismã (The Fellowship of the Talisman), a mais recente novela de Simak, transcrevemos as linhas iniciais:  

A casa senhorial era o primeiro edifício intacto que tinham visto em dois dias de viagem através de uma região que fora assolada com uma meticulosidade ao mesmo tempo aterradora e inacreditável. Durante aqueles dois dias, lobos furtivos tinham-nos vigiado do alto dos montes. Raposas, com as caudas a arrastar, tinham-se infiltrado pelo mato rasteiro. Abutres, empoleirados nas árvores mortas ou nas madeiras enegrecidas das casas queimadas, tinham olhado para eles com um interesse especulativo. Não tinham encontrado uma alma, mas ocasionalmente, nas moitas, tinham visto de relance esqueletos humanos.
O tempo fora belo até meio do segundo dia, quando o céu suave do princípio do segundo dia se cobrira e um vento frio surgira do norte. Por vezes o vento frio chicoteava com a chuva fira as costas deles, uma chuva sempre misturada com neve.
Ao fim da tarde, no alto de uma crista baixa, Duncan Standish avistara a casa senhorial, um rude conjunto de edifícios fortificados por paliçadas e um fosso estreito. Dentro das paliçadas, em frente à ponte levadiça, estava uma praça dentro da qual havia cavalos, gado, carneiros e porcos. Alguns homens deambulavam pela praça e de algumas chaminés subia fumo. Um certo número de edifícios pequenos, alguns deles com indícios de incêndio, situavam-se em torno das paliçadas. Todo aquele lugar tinha um aspecto de pobreza extrema.
Daniel, o grande cavalo de guerra, que seguira Duncan como um cão, vinha atrás do seu homem. Tropeçando, atrás de Daniel, vinha a pequena burra cinzenta, Beleza, com fardos sobre os costados. Danniel baixou a cabeça  e tocou nas costas do dono.
- Está sossegado, Daniel - disse-lhe Duncan. - Encontrámos abrigo para a noite.
O cavalo soprou suavemente pelas narinas.
Conrad apareceu a subir a rampa e colocou-se ao lado de Duncan. Era um homem maciço, quase com dois metros e dez e pesado, mesmo para a sua altura. Usava uma vestimenta feita de peles de carneiro que lhe ia dos ombros quase até aos joelhos. Na mão direita, tinha um pesado cacete feito de um ramo de carvalho. Ficou a olhar, silencioso, para a casa senhorial.
- Que pensas disto? - perguntou Duncan.
- Já nos viram - respondeu Conrad - Há cabeças a espreitarem por cima das paliçadas.
- Os teus olhos são melhores do que os meus - notou Duncan. - Tens a certeza?
- Tenho a certeza, meu lorde.
- Deixa de me chamar "meu lorde". O meu pai é que é um lorde. 
- Penso em si como tal - insistiu Conrad. - Quando o seu pai morrer será um lorde.
- Não há Lebreus?
- Só gente - informou Conrad.
Duncan observou. - Parece impossivel que os Lebreus tenham deixado intacto tal lugar.
- Podem tê-los afastado. Ou talvez os Lebreus tivessem muita pressa.
Duncan notou: - Até agora, pelo que temos observado, eles deixaram poucas coisas intactas. As casas mais pobres, até mesmo as cabanas, foram queimadas. 

Nota: mais um livro belíssimo de Clifford D. Simak (o meu autor preferido da Colecção Argonauta). A magia e a natureza sempre presentes, juntamente com a aventura e uma sensação de calma plenitude que consegue sempre transmitir nas suas obras.

2 comentários:

  1. Prezado João Vagos, que blog precioso!
    Poderias elaborar uma lista de dez livros preferidos seus na coleção?

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    1. Muito obrigado Jean, pelas palavras simpáticas!

      Quantos aos meus 10 livros preferidos da colecção, tem os meus 16 favoritos na imagem do cabeçalho do blog! :)

      Grato,

      João Vagos

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