nº 186 - O Planeta Neutral



Autor: Poul Anderson
Título original: Mayday Orbit
1ª Edição: 1961
Publicado na Colecção Argonauta em 1972
Capa: Lima de Freitas
Tradução: Eurico da Fonseca

Súmula - foi apresentada no livro nº185 da Colecção, com a indicação de "Ler nas páginas seguintes a súmula do próximo volume da Colecção Argonauta":

Deste extraordinário romance de FC, Planeta Neutral, de Poul Anderson, damos aos leitores o seguinte excerto:

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Vista durante a aproximação, contra o negrume de cristal e as estrelas amontoadas em constelações estranhas, Altai era bela. Uma boa metade de ambos os hemisférios, estava coberta de gelos. Os campos de neve mostravam-se rosados, à luz do sol, enquanto o gelo parecia furta-cores, ora azul, ora verde. A cintura tropical de estepe e tundra, tinha tons que iam do bronce ao ouro velho, salpicados por rios de prata. A três raios planetários, no espaço, havia um anel duplo, de arco-íris subtil que rodeava o equador. E mais atrás, duas luas estavam suspensas como moedas de cobre, entre as estrelas.
O Comandante Sir Dominic Flandry, agente de campanha do Corpo de Informações Navais do Império Terrestre, afastou com relutância os seus olhos daquela cena para observar de novo a ponte da nave. - Já vi de onde veio o nome - notou ele. Na linguagem dos primeiros colonizadores humanos daquele planeta, que ele aprendera electrónicamente por intermédio de um mercador de Betelgeuse, Altai significava Dourado.- Mas Krasma é um nome que se adequa ao seu sol. Não é vermelho, pelo menos aos olhos humanos. Nem sequer tão vermelho quanto o vosso sol. Parece-me mais amarelo-alaranjado.
O rosto de Zalat, que comandava a velha nave mercante, contorceu-se  numa careta que na sua raça equivalia a um encolher de ombros. Era moderadamente humanóide, ainda que tivesse metade da altura de um homem, forte, sem um pêlo no corpo, coberto por uma túnica de rede metálica.
- Zuponho que é uma queztão de contrazte, como diz.
- Zalat falava com um sotaque desnecessáriamente forte, como se quisesse mostrar que a independência do Sistema de Betelgeuse - Estado-tampão entre os Impérios hostis da Terra e de Merseia - não o obrigava a contribuir para a cultura interstelar.
Flandry teria preferido praticar o seu altaiano, tanto mais que o vocabulário de Zalat era tão pequeno que ele tinha de limitar a conversação às coisas simples. Mas conteve-se. Como único passageiro de outra raça, com necessidades dietéticas especiais, dependia da boa vontade do capitão. Além de que pretendia que as criaturas de Betelgeuse o tomassem tal como era. Oficialmente, a sua missão era apenas a de restabelecer os contactos entre Altai e o resto da humanidade. A missão era tão pouco importante que a Terra nem sequer lhe dera uma das suas naves, encarregando-se de conseguir passagem da melhor maneira que pudesse. Portanto, ele tinha que suportar a tagarelice de Zalat.
- No fim de tudo - prosseguiu o capitão -, Altai foi colonizado pela primeira vez há maiz de zetecentoz anoz terreztrez; no inízio daz viagenz pelo ezpazo, pelo que vocêz dizem. Então, Krama deve ter parezido terrivelmente frio e vermelho, depoiz  do Zol.
Flandry voltou a olhar para as estrelas: eram mais do que ele podia contar, masi do que ele podia imaginar. Uns bons quatro milhões, incluídos naquela vaga esfera que era o Império Terrestre, constituíam uma porção insignificante de um braço espiral daquela galáxia vulgar. Mesmo que se adicionassem os impérios não-humanos, os sóis soberanos como a Betelgeuse, e os relatos dos poucos exploradores que tinnam ido até muito longe nos tempos, a parte do universo que o homem conhecia era terrivelmente pequena. E sempre seria.
- Quantas vezes vem aqui? - perguntou ele, principalmente para afastar o silêncio.
- Maiz ou menoz uma em cada ano terreztre - respondeu Zalat. - No entanto, há outroz mercadorez nezta rota, além de mim. Trabalho em pelez, mas Altai também produz pedraz preziozas, minérioz, couroz, várioz produtoz orgânicoz e até carne zeca, muito apreziada por nóz. Portanto, já zempre um ou duaz navez de Betelgeuse em Ulan Baligh.
- Ficará por lá muito tempo?
- Ezpero que não. É um lugar aborrezido para um não-humano. Criaram uma caza de divertimentoz para nóz, maz az perturbazões que vão por lá, a daza daz pelez e o tráfico daz caravanaz têm zido muito prejudicadoz. Da última vez tive que ezperar um mêz para conzeguir uma carga completa. Dezta vez, pode zer pior.  
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2 comentários:

  1. Surpreendente seu blog, que apresenta a fascinante e magnífica Colecção Argonautas, que surpreendeu e me encantou durante anos a fio; tais livros dos quais alguns escritos na primeira metade do século passado, apresentam aparelhos, dispositivos, máquinas, equipamentos, costumes, acontecimentos sociais, situações de conflitos bélicos, situações no campo social e religioso, que a partir do ano 2000 e até um pouco antes, se tornaram realidades, inclusive comuns. Parabéns por sua iniciativa, por seu trabalho.

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    1. Olá, muito obrigado pela sua simpática mensagem, é sempre muito agradável sentir que o nosso trabalho é apreciado.
      Grato!

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